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Friday, December 21, 2012

Natal

Natal de 1971

Natal de quê? De quem?
Daqueles que o não têm?
Dos que não são cristãos?
Ou de quem traz às costas
As cinzas de milhões?
Natal de paz agora
Nesta terra de sangue?
Natal de liberdade
Num mundo de oprimidos?
Natal de uma justiça
Roubada sempre a todos?
Natal de ser-se igual
Em ser-se concebido,
Em de um ventre nascer-se,
Em por de amor sofrer-se,
Em de morte morrer-se,
E de ser-se esquecido?
Natal de caridade,
Quando a fome ainda mata?
Natal de qual esperança
Num mundo todo bombas?
Natal de honesta fé,
Com gente que é traição,
Vil ódio, mesquinhez,
E até Natal de amor?
Natal de quê? De quem?
Daqueles que o não têm?
Ou dos que olhando ao longe
Sonham de humana vida
Um mundo que não há?
Ou dos que se torturam
E torturados são
Na crença de que os homens
Devem estender-se a mão?
Jorge de Sena, Exorcismos

Thursday, September 27, 2012

comprehendere

eu sou daqueles que aprenderam que um abraço, um sorriso ou um dia no parque, vale mais que mil brinquedos...
aprendi também que dividir uma sande, vale mais que uma mesa cheia...
mas ensinou-me a vida a comprehendere que tal nem sempre é suficiente...
mas dá a bagagem que falta...
e há muitos que enfim, não comprehendunt, por vezes nem a vida, nem a mim...



Monday, July 30, 2012

memories

há 10 meses que não descia aquelas escadas
as que vão dar ao areal onde poisam as gaivotas e onde as galinhas-de-água brincam nas ondas em busca de algo para comer
saiu um...
bom dia!
reinava o silêncio habitual da hora exacta da baixa-mar na manhã de hoje, 6h43...
todos os reflexos faziam lembrar um mundo irreal, naquele espaço-tempo que apenas pertence a quem por lá viaja, mantendo-nos ligado ao real apenas pelo cheiro inconfundível do misto maré-lodo-algas-iodo!
fui, em busca da paz, das respostas às constantes dúvidas.
Veio a saudade, ao procurar saber de ti, de vós...



Monday, July 9, 2012

amaldiçou-o a minha honestidade ao meu sentir
...para sempre
basilar, a amizade de quem em união partilha (ou)
tontos os que não as distinguem, idiotas os que não entendem as diferenças
mesmo a mágoa nunca poderá ser superior
daria exactamente os mesmos passos hoje
apesar da força do meu sentir unilateral
não desprezo o que fica até ao resto da vida
não me é hoje indiferente quem ontem me estendeu a mão
e não OUSO moralizar ninguém
não me atrevo a ensinar a magoar para educar
quando apenas um olhar basta...
torna-se inconsequente tudo o que nos afasta
por vezes, a busca do indefinível
impede-nos, trava-nos os sonhos
impede-nos a visão clara da realidade...


//

no Universo paralelo em que me colocaste
não há Espaço

Tuesday, June 26, 2012

curioso...

curioso...
como a cada novo passo das nossas vidas
há um vento que nos liga
ainda que uma ligeira brisa
não deixa esquecer
porque será?

Friday, June 8, 2012

miragem

juntos
corríamos o deserto
o oásis que encontrámos
desprezaste-o, tomaste-o como miragem
para mim
que para ele corri
foi miragem

Friday, June 1, 2012

para lá do infinito

incompreensível, a tua fuga para lá do infinito,
vergonha, raiva ou subserviência?

Thursday, May 24, 2012

nas antípodas

aqui há quem não tenha dinheiro, mas há muito dinheiro
aqui há quem não tenha de comer, mas não falta comida
aqui há quem não tenha casa, mas não faltam sítios para morar
aqui há quem não trabalhe, mas não falta trabalho
aqui muitos não têm oportunidade, mas não faltam oportunidades
ou se ama, ou se odeia
aqui vive-se, sente-se, respira-se o calor
aqui é Luanda

Wednesday, May 16, 2012

sorrisos

queria dar-te 25 beijos, mas não posso tocar-te
queria rodopiar contigo 25 vezes, mas não te consigo agarrar
queria berrar contigo, 25 gritos, mas que adianta berrar se não me ouves?
queria subir 25 montanhas contigo, mas como fazê-lo quando a montanha nos separa?
queria rebentar contigo 25 balões como duas crianças em alegria, mas neste jardim não há mãos para os agarrar
queria dizer-te que te amarei nos próximos 25 anos, mas não sei
queria passar os próximos 25 a teu lado, mas não queres
quis apenas dar-te 25 sorrisos e sonhar com eles

Tuesday, May 8, 2012

(des)esperança

disse-te um dia que gostaria de ser estátua para não te olhar
por ti aprendi hoje a amar as estátuas que não me olham
os caminhos sem fim cujo horizonte não vejo
desisti de qualquer calor
pois é o frio de ti que reina em mim
continuo a não ver as estrelas para além das nuvens
preso está, o meu coração
crucificado ainda
tal como Ele
mas eu, não consigo fugir

Wednesday, April 18, 2012

abnegação

Chovam lírios e rosas no teu colo!
Chovam hínos de glória na tua alma!
Hinos de glória e adoração e calma,
Meu amor, minha pomba e meu consolo!

Dê-te estrelas o céu, flores o solo,
Cantos e aroma o ar e sombra a palma.
E quando surge a lua e o mar se acalma,
Sonhos sem fim seu preguiçoso rolo!

E nem sequer te lembres de que eu choro...
Esquece até, esquece, que te adoro...
E ao passares por mim, sem que me olhes,

Possam das minhas lágrimas cruéis
Nascer sob os teus pés flores fiéis,
Que pises distraida ou rindo esfolhes!

Antero de Quental

Thursday, April 12, 2012

lágrima

de manhã quando olho ao espelho
depois da longa noite
vejo o somatório de todas as equações imaginadas

vejo olhos tristes, mas orgulhosos
questiono
o porque de tanto rancor do teu coração

olhando o mar
por vezes choro
e a lágrima percorre-me o rosto caindo n'areia
leva-a o mar
e o sol
esse nosso amigo febril

consome-a ao deleve, transformando-a em nuvem
e os ventos que sopram
fazem-na percorrer mundos
aqui e acolá
chovendo
molhando os rostos dos incautos

e o mundo sabe que choro


  El pozo
A veces te hundes, caes
en tu agujero de silencio,
en tu abismo de cólera orgullosa,
y apenas puedes
volver, aún con jirones
de lo que hallaste
en la profundidad de tu existencia.
Amor mío, qué encuentras
en tu pozo cerrado?
Algas, ciénagas, rocas?
Qué ves con ojos ciegos,
rencorosa y herida?
Mi vida, no hallarás
en el pozo en que caes
lo que yo guardo para ti en la altura:
un ramo de jazmines con rocío,
un beso más profundo que tu abismo.
No me temas, no caigas
en tu rencor de nuevo.
Sacude la palabra mía que vino a herirte
y déjala que vuele por la ventana abierta.
Ella volverá a herirme
sin que tú la dirijas
puesto que fue cargada con un instante duro
y ese instante será desarmado en mi pecho.
Sonríeme radiosa
si mi boca te hiere.
No soy un pastor dulce
como en los cuentos de hadas,
sino un buen leñador que comparte contigo
tierra, viento y espinas de los montes.
Ámame tú, sonríeme,
ayúdame a ser bueno.
No te hieras en mí, que será inútil,
no me hieras a mi porque te hieres.
Pablo Neruda

Monday, March 19, 2012

pai, papá, papi, paie, cota, velho, ....

uma das mãos que nos guia tem um poder mais forte, mais imparcial, mais racional para nos preparar melhor para um futuro quase sempre incerto,
o tal do raspanete, o tal da recompensa apenas se merecida, o tal das longas conversas, das longas noites, da protecção desenfreada nas meninas e da primeira cerveja dos rapazes,
o amigo, que tenta porque tenta ter a nossa idade, porque já a teve,
o que nos ensina a lutar mesmo sabendo que os sonhos de hoje amanhã podem não existir,
que nos vê crescer e sermos adultos e não os sempre "inos",
o tal que nos ensina que hoje aqui está, mas amanhã não, tal como nós, estamos, para um dia não,
que nos deixa ir mas não partir,
aquele que por vezes não compreendemos,
ao qual só nos apetece berrar "porque não entendes tu!?" "porque és casmurro?!" "porque não cuidas de ti!?"
:) somos todos assim....seremos assim!

do amplexo entre a alma e o amor, fica um abraço sentido,

Xano





Monday, March 5, 2012

Deep Blue

"ele há dias assim..."


ódi...?

ódio
são precisas palavras
de ódio
para gerarem amor

...

ainda está para nascer a pessoa que me vai ensinar a odiar...

Wednesday, February 29, 2012

Como queiras...

always...

afinal na guerra morrem inocentes e afins... não se olha a meios...
pena porém... que não se entenda a desonestidade de tais actos...

Friday, February 24, 2012

no doubt


and always will be...

pena que só o caminho nos mostre.

Thursday, February 16, 2012

ironia

se
o simples facto de me odiares
te faz sorrir
então
sorri

say goodbye to old friends

saíram da minha vida pessoas
amigas, bonitas,
não sei porquê, mas partiram
continuo a voar com o vento,
deixo-as partir,
não porque não as ame,
mas porque quiseram tomar outros rumos
continuarei
um dia, se os nossos ventos se cruzarem
aqui estarei

Thursday, February 2, 2012

ventos siderais

todo o teu vento percorre as montanhas mais altas
navega por espaços, lugares e galáxias distantes
o que busca encontrou
mas desprezou

todo o meu vento se perdeu
quando com o teu se cruzou

não rogo qualquer instante
tudo do que ficou me faz sorrir
desejo eu que um dia outro vento
também sorria ao cruzar o teu
não há Primavera mais bonita
não há estrela que brilhe como teu olhar

mas,
quero que o vento me traga um novo sorrir
e que a sorte não mo tire
não, porque não te ame,
mas porque apenas escuto o eco
e porque ao olhar-me ao espelho
uma fada contou-me
que tenho de fazer alguma coisa pela minha vida

e que este vazio que sinto,
é como as redes dum barco,
que vazias passam o dia à espera da noite
e eu anseio essa noite

Tuesday, January 31, 2012

"tem dias
que nem sei se vale a pena ver
para lá do que acontece
para lá do querer saber"

PB, Cantos d'Oxalá

Monday, January 2, 2012

queria apenas...


queria apenas voar
para que
ao silêncio do vento
o eco da tua voz
tomasse conta do meu sentido

queria apenas ser gota
para percorrer
os montes e vales do teu corpo
até evaporar

queria
que o amplexo de outrora
se repetisse hoje
e que um beijo
voasse
ao sabor da brisa
e derretesse o iceberg que criaste entre nós


neste oceano comum
navegamos nos antípodas
eu
aquém
tu
além